1. |
Microcosmo
03:30
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Quando o mundo era novo
Te encontrei sob os dólmens
E então teus olhos se encheram
Do vermelho que eu trouxe lá de Hy Brazil
Já gestavas um porto
Onde a água era morna
E a gente se reunia
Dentro da Cassununga e seus sambaquis
Quando a nau virou mundo
Eu, num transe, te disse:
"Serás pérola negra
Encravada entre a serra e o mar,
Última mítica ilha
E serás microcosmo do Brasil"
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2. |
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Teu isolamento te encheu de gente
desde que a patota do Cinema Novo
longe veio se banhar no iodeto de prata da baía.
Energia atlante, uma ruína alegre.
Rita! O tempo virou, sudoeste armou sobre os sobrados
Num shopping center histórico,
o vento carregou seu manuscrito
e atravessou o rio
por sobre as tendas atômicas,
jazigos de uma memória semântica.
Musa tropicana, Lady dos Remédios
entornou da pipa lá no velho engenho,
nas terras que algum rei grilou,
e a Fundação comprou sua torneira.
Num shopping center histórico,
o tempo arrastou seu fotolito
e atravessou o rio
por sobre o mangue fantasma
e fósseis de baleeiras sonsas,
penínsulas.
E o patrimônio histérico
não é mais o mesmo que antes
sob medicação,
num manicômio turístico
vale o quanto pesa
a sua bolha retórica.
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3. |
Refúgios
00:46
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4. |
Lei de remédios
03:08
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Do alto do Forte Defensor,
e através dos riscos dos bambus,
o som da praia,
o som do bate-estaca,
o som da luta armada
sem revolução.
Futuros arrancados de seus corpos,
na lama da servidão.
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5. |
Rã
04:28
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Vou acordar de manhã, mas não sei se posso ir caçar rã.
Há muita coisa a fazer e eu já não sei se vou dar conta.
Mas, talvez, se você vier e então me ajudar a ver
o que reflete o luar: chuva ou mal-estar?
Montanhas ou beira-mar, meu amor?
Vou acabar de manhã, mas não sei se é atitude sã.
Há muito sono a dormir e eu já não sei se vou ter sonhos.
Mas, talvez, se você mandar uns pensamentos bons
e entrar em um sonho desses tais e não sair jamais,
acordaria em paz, meu amor.
Vou mergulhar de manhã, mas não sei se posso ir caçar rã.
Há muito sonho a fazer e eu já nem sei se vai ter graça.
Mas, talvez, se você chegar com olhares, canções
ou talvez um belo azul luar, alegre a chorar,
triste a cantarolar, meu amor.
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Bonifrate Paraty, Brazil
Bonifrate is a modern bard from Paraty, Brazil, who makes records at home.
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