We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Um Futuro Inteiro

by Bonifrate

/
  • Streaming + Download

    Includes unlimited streaming via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.

    Full download includes bonus-track, cover art and lyrics.
    Purchasable with gift card

      $8 USD  or more

     

  • Order your 12" vinyl directly from the artist

1.
Os relógios já não marcam nada E as horas emudecem num vagão Com gatas loucas e fantasmas Que derramam toda a gana pelo chão E mais alguém não secaria tanta confusão E mais ninguém adiantaria Porque o trem não improvisa, amor Um sorriso na estrada Talvez já trouxesse escrito Um livro inteiro, mas que nada Sem as lentes eu não leio lá muito bem E mais que um beijo não faria um delay bonito Quiçá um beijo à luz do dia Mas o trem não improvisa, amor Um par de pés sempre me levou pr’onde for Agora bem serviria um artefato voador Um reumatismo temporal Que não me deixa mais olhar pra trás Sem me virar inteiro Mas nem me oscilam ondas no retrovisor Por mais um metro nesses trilhos rumo ao impossível De que adianta a entropia Se o trem não improvisa, amor? Esse trem não improvisa.
2.
I ‘Inda brilha a lua que iluminou seu riso Quando eu lhe falei que não havia ninguém Como eu, você e eu No Largo das Neves já é meio-dia Eu posso saber pela avalanche de luz Que atravessa você e eu Eu e eu E era tão tátil Você e eu. Eu e eu II Sons, estrondos, válvulas abertas aos borbotões Que é pra combater a sua poesia na minha surdez E desenrolar a farsa do Futuro enquanto Agora Que é a mesma em cada amor Me cala, amor Que é a mesma em cada amor Me cala, amor Que é a mesma em cada amor Me calo, amor
3.
Eu me perco pela casa Mas sempre com a máquina nas mãos Os dedos quase em brasa E os olhos comendo o chão E imaginei por um momento Tudo isso dentro de um avião Penso pra que pensar Se sempre, sempre pensas não Mas só pensas em um dia Largar o iê-iê-iê pra trás E envenenar-te toda De sedas e cristais Como a trilha das formigas Procurando açúcar no quintal No formicida encontras Teu fármaco final (I've got my one baby now I've got my own baby now I've got my one baby now Hurray! for me) Deslizando tranquilo Esperando estiar O céu desabando E dizendo 'pra que ligar?' Derretendo contente Emergindo do caos Ao cosmos de uma festa interestelar E bailando as tuas mornas Todas se agitam com o ar Dos rincões de pedra e fogo E de canções do mar Mas só chove aqui por dentro Uma goteira no lugar Onde a gente imaginava Um dia se entregar
4.
Concórdia 00:52
Você acredita em Pico della Mirandola Sabe que não há lugar algum pra nós Além da estrada, o vento O movimento Mas não vá correr sem mim As livres rotas do arbítrio
5.
Eu já no elevador Num denso adivinhar Seu úmido espasmo de adeus Meu brilho seco no olhar No céu seu plexo de amor Na Terra a gente a girar E alternar os papéis O Mestre e o vôo de Margarida Mas quando o luar se esconder E a vassoura aterrisar Seu Sol sair de Leão E meu Cronos translacionar Nalgum sertão diabril Ou talvez Minas Gerais Eu sacrifico uns verões Ao satânico vôo de Margarida
6.
As ruas andam vazias, o bonde sem condutor, e os especialistas todos acreditam que não vingará um novo plano escapista. Parece indigno de ti, mas os planos, as palavras, a cozinha e o chuveiro não querem dizer que o tempo pode parar de se esvaziar. Então leva tudo o que quiser que agarre na memória e empilha nos porões musgosos e mofados que abrigam os amores vãos. A multidão descabida, sem fundo pra projetar seus maltes, seu silêncio, sua tara, sua prosa mariposa que já vai voar num arremedo de paz que a fumaça traz. Então deixa tudo o que quiser que eu pregue na cortiça que eu acho alguém pra pedalar comigo e toda a minha gangue de almas destemidas, possantes pelas ruas velhas e vazias, em movimento circular como os discos que soam dos porões ruidosos e morgados que abrigam os amores vãos.
7.
É fundamental deixar as outras pessoas arrancarem pedaços meus, enterrarem no fundo dos quintais da mente ou injetarem os olhos neles. Ungirem tudo com manteiga de garrafa, oferecerem ao demônio criador particular que coexiste ali com uma idéia sobre a Revolução de 30, uma dor de dentes ou tudo o mais. Mais plano. Mais pleno. Mais alta a pluviosidade nos artificiosos brejos da alma. Então arranque pedaços meus. É quase certo que eu não vou morrer de poesia. Então arranque pedaços meus. E deixe só uma antena a mirar o coração de Júpiter.
8.
Eu vou renascer no ar, numa fazenda de nuvens E do céu lacrimejar a chuva das minhas lembranças Na moleira das crianças E me esquecer que já nadei num mar de esperança E as pedras que eu um dia atirei no rio que beira a estrada Ricocheteiam leves antes de afundar como uma pergunta quebrada Eu vou renascer no ar, minha cidade nas nuvens E do céu lacrimejar a chuva das minhas lambanças Na moleira das crianças E me esquecer que já nadei num mar de esperança E as pedras que eu um dia atirei no rio que beira a estrada Ricocheteiam leves antes de afundar como uma pergunta quebrada Pedras somos nós e pedras não podem com a força do rio a carregar
9.
Naufrágios 04:58
Na casa de Val, lá na beira do rio, eu ouvi da estrada uma freiada de bicicleta e me lembrei de vocês. Mas não tem nada de nostalgia, não! Afino e só invento o tempo Que só eu sei como passa E anéis de fumaça Em formação perene Mas não me encene Um amor assim sem se acabar No fundo do mar Jazem todos os tais naufrágios Frouxos adágios Dos corações
10.
Nadando 00:59
11.
Eugênia 10:31
Maneiro mesmo é estar Dentro de uma bolha qualquer Uma bolsa de mulher Sempre que carrega Uma vontade de perder Um sonho em forma de ser Vivo em prateado sorrir Martelo do devir Sempre que me acerta Uma urgência de existir O amor transmuta o real Revolucionário enquanto O pulso das canções Quase inconseqüente e certo Qual efeito das poções Eugênia desce o solar Em esvoaçantes canções Me esquece até voltar Quer do mundo a imanência Que me foge ao despertar Mas dentro desses olhos teus eu acho que aturo um futuro inteiro. Maneiro mesmo é ficar Por um artifício qualquer Um corpo de mulher Sempre que carrega uma Vontade de perder A cabeça.

credits

released June 1, 2011

All songs written, arranged and recorded by Bonifrate in his bedroom between September 2010 and March 2011, except "Cidade nas nuvens" recorded at Musgo Studios (Rio) on July 2009.
Alexander Zhemchuzhnikov (BiU) played tenor saxophone in "A farsa do Futuro enquanto Agora", "O vôo de Margarida" and "Eugênia";
Augusto Malbouisson (Acessórios Essenciais) played some guitar in "Antena a mirar o coração de Júpiter";
Digital Ameríndio played cymbals in "Eugênia";
Diogo Valentino produced, programmed and played bass in "Eu quase prefiro um visitante solarista";
Filipe Giraknob played guitars and effects in "Esse trem não improvisa", "A farsa do Futuro enquanto Agora", "Naufrágios" and "Eugênia".

Thanks Amauri Gonzo, Indalécia Freire, Katia Abreu, Lê Almeida, Lulina, Marcos Thanus, Nelson Franke, Pedro Graça, Plano B, Regis Arguelles, Stan Molina and Trabalho Sujo.

license

tags

about

Bonifrate Paraty, Brazil

Bonifrate is a modern bard from Paraty, Brazil, who makes records at home.

contact / help

Contact Bonifrate

Streaming and
Download help

Redeem code

Report this album or account

If you like Bonifrate, you may also like: